PITA FOGO BARRETOS

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CAPITULO 5 – Prá sacolejar o pelo

Depois de uns dez noivados, o coração de Zé Gonçalves foi conquistado pela jovem Luiza Lemos. Embora muita gente duvidasse do casamento, há 68 anos foram pedir a benção ao vigário e “passar o preto no branco”. Vieram uma porção de filhos, netos, bisnetos.... No Natal e Ano Novo, quando a família se reúne, é um povaréu alegre no lar. Nascido na Vila Nova, em Barretos, e radicado no Ibitu desde 1941, o ex-subdelegado tem 87 anos. “Mas ta firme e forte”, segundo o fotógrafo Pancho, que esteve lá proseando e tomando um “goró”, dias destes.

Zé Gonçalves acredita no progresso de Ibitu, que mudou muito. Antigamente havia muita casa de pau a pique, agora todas são de alvenaria. O povoado tem iluminação, água, asfalto, postinho de saúde e de polícia. E algumas reclamações:

-- Falta supermercado, farmácia e padaria.

De acordo com Zé Gonçalves o patrimônio de Ibitu atinge 45 alqueires. Porém, a área ocupada é menor.

-- Os fazendeiros tomaram conta de tudo.

Zé Gonçalves é compositor nato e guarda tudo na memória, sem nenhum registro escrito. Folião de Reis desde os 7 anos, garante que não para com a devoção. As festas de Igreja continuam em sua memória. Não perde uma quermesse. Sorrindo, confessou que aprecia uma dança gostosa:

-- A tal lambada!....

E arrematou:

-- Gosto de dançar forró com a patroa. É pra sacolejar o pelo.



Quinta e última parte de texto publicado originalmente no Jornal O Diário de Barretos, edição de 27 de janeiro de 1991, sob o título: “Zé Gonçalves, um xerife no Ibitu”

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