PITA FOGO BARRETOS

PITA FOGO BARRETOS

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CAPITULO 2 – Aquieta senão o pau quebra

Um dia, dona Erminda mandou o subdelegado Zé Gonçalves na venda. Ela não gostou das atitudes do soldado Jonas. O praça pegava o revolver e misturava a pinga num copo, diante dos olhares de menores. A mulher pediu providências para retirar os meninos do estabelecimento, pois não podiam ver mau exemplo.

-- Quando cheguei à venda, não entrei. Fiquei do lado de fora. Chamei os meninos e pedi que se retirassem. Disse que suas mães estavam chamando. Os garotos obedeceram. Porém, o soldado achou minha atitude uma desfeita e veio ao meu encontro.

-- Vou te dar um coro de gravata!, afirmava.

-- Quando ele pulou pra cima de mim, saltei de banda. Num relance, meti o pé no rim dele. Na hora o soldado caiu quebrado. Quando fui pra pisar em riba, o povo que juntou em roda não deixou.

-- Não ta vendo que ele ta quebrado, disseram.

-- Pois é! Eu quebrei a clavícula do soldado. Passado o entrevero, telefonei pra Barretos e contei o caso pro delegado. O doutor veio no Ibitu e achou que eu tinha agido certo.

No lugar onde havia as ruínas da cadeia do Ibitu a Prefeitura de Barretos perfurou um Poço Artesiano que abastece o Distrito. Há muito tempo não existe mais subdelegado no lugarejo.

-- Agora não tem mais isso. Os responsáveis pela tranqüilidade de Ibitu somos nós. Quando aparece alguém de fora querendo bagunçar o coreto o povo avisa: “aquieta senão o pau quebra”.



Segunda parte de texto publicado originalmente no Jornal O Diário de Barretos, edição de 27 de janeiro de 1991, sob o título: “Zé Gonçalves, um xerife no Ibitu”

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