PITA FOGO BARRETOS

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CAPITULO 1 – Zé Gonçalves, um xerife no Ibitu

-- Zé Gonçalves vem aí!...

Estava dado o alerta à freguesia da venda.

-- Olha o bate pau do Ibitu!...

Assim os moradores da vila identificavam o subdelegado. Através de uma espécie de plebiscito haviam escolhido o representante do lugarejo perante a lei. Na década de 50, quando a autoridade da cidade quis nomear o novo subdelegado do Ibitu, o povo falou:

-- Ponha o Zé Gonçalves que é um sujeito de muito respeito. Ele diverte bem com todo mundo e dá respeito.

A partir de então, o novo “xerife” recebeu ordem para averiguar todas as queixas. Agia como espécie de Juiz das Pequenas Causas, contornando e resolvendo a desinteligências. A maioria das ocorrências era considerada corriqueira. De vez em quando a Cadeia hospedava alguns bêbados, que ficavam ali até curar o porre. Os soldados que trabalhavam sob a orientação do subdelegado ficavam numa casa perto do xilindró.

Durante o período de 8 anos em que permaneceu no cargo de subdelegado, Zé Gonçalves não registrou nenhum crime. Porém, o esporte era cenário para algumas desavenças.

-- Antigamente dava muita briga no futebol. Aliás, até hoje sai algum quebra-pau e catiripapos. As maiores rivalidades são com os times da Cachoeira e da Lagoinha.

Certa vez aconteceu um acidente pessoal e fatal:

-- Eu ainda morava na fazenda do João Estulano. Um rapaz saiu de trator carregando uma espingarda pra matar codorna. Ao passar pelo pasto, uma das rodas caiu numa cisterna velha, coberta pelo capim. Com o impacto, a arma disparou e o tiro pegou próximo ao umbigo do sujeito. O moço não resistiu aos ferimentos e faleceu.



Primeira parte de texto publicado originalmente no Jornal O Diário de Barretos, edição de 27 de janeiro de 1991, sob o título: “Zé Gonçalves, um xerife no Ibitu”

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