PITA FOGO BARRETOS

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sábado, 11 de dezembro de 2010

O “Come-língua” assustou o povaréu

A notícia correu em Barretos por volta de 1936 e deixou muita gente assustada. Nos sertões goianos, estavam aparecendo rezes mortas, sem a língua. Não havia sinal de doença, nem de luta com animais ferozes. E a imaginação popular chegou a criar um monstro, o “Come-Língua”.
Com o decorrer do tempo, o “bicho” teria passado para Minas Gerais, atacando várias cidades, como Patos e Uberaba. Em 1938, o monstro teria pulado o Rio Grande, entrando no território paulista. As explicações sobre sua origem eram muitas. O jornal “Correio de Barretos” publicou uma versão, de Campo Belo, no Triângulo Mineiro.
Praça Francisco Barreto em 1938, época que circulou a versão mineira da lenda do "Come-Língua". Foto Fiori - Acervo do Museu Ruy Menezes.

De acordo com a lenda, um lavrador recebia diariamente, na roça, o almoço e o jantar, que eram levados por seu único filho, um rapaz comilão e peralta. Nos últimos tempos o jovem deu de comer, durante a caminhada para a roça, as carnes que levava ao pai, deixando-lhe somente os ossos. O pai reclamou ao filho. A explicação foi sucinta: a carne era comida por um companheiro que sua mãe havia arranjado.
A mãe, interpelada pelo marido, ficou horrorizada com a justificativa do filho e afirmou que ele é quem comia a carne pelo caminho. O filho, no entanto, jurou, na presença da mãe, que ela tinha um companheiro que mandava ao pai os ossos.
O lavrador enfurecido acreditou no filho e espancou cruelmente a esposa. E meio louco de ódio, cravou-lhe uma faca no peito. E a mulher, ao morrer, ainda teve tempo de atirar ao filho uma praga: como ele tinha sido tão linguarudo, haveria de passar, dali por diante, durante 7 anos, alimentando-se apenas de língua.
Assim nasceu a lenda do “Come-Língua”.

Publicado no jornal Documento Diário, edição de 2 de março de 1993.

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