PITA FOGO BARRETOS

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Acudam: a boiada estourou em Barretos

Durante muito tempo, Barretos conviveu com os estouros de boiadas. Na terra do gado e do peão de boiadeiro, os antigos moradores contam muitas histórias sobre os tais acontecimentos. Alguns episódios ficaram famosos.
A 11 de abril de 1943, o editorial do “Correio de Barretos”, pedia a abertura de nova estrada boiadeira. Segundo o jornal, os moradores entre as ruas 4 e 8, avenidas 15 e 31, estavam apavorados com os freqüentes desastres, especialmente os ocorridos durante os estouros de boiadas, com animais invadindo casas e quintais. Na época, um abaixo-assinado contendo mais de 500 assinaturas, reivindicava a mudança do corredor boiadeiro da rua 4. O documento foi entregue ao prefeito Fabio Junqueira Franco.
Dois anos depois, a 24 de junho de 1945, após a missa em louvor a São João Batista, celebrada na matriz do Divino Espírito Santo, um estouro de boiada surpreendeu os fiéis que saíam da igreja e assustou os moradores da cidade. As súplicas eram ouvidas à distância:
-- “Valha-me Nossa Senhora dos Aflitos!”
-- “Socorra-nos Menino Jesus!”
-- “Acuda-nos Virgem Maria!”
-- “Defenda-nos São José!"
Apesar das preces ou em razão das orações, apenas um boi atacou e chifrou o sapateiro Camilo Simão, deixando-o prostrado ao solo, no jardim da matriz. A vítima foi socorrida pelo dentista Narciso Antonio Junior.
No dia 7 de junho de 1965, segunda-feira, aconteceu um dos últimos estouros que se tem notícia em Barretos. Mais de 300 bois que estavam sendo conduzidos ao Matadouro Minerva se espalharam pela cidade, principalmente pelas praças e ruas centrais. Foi um Deus nos acuda! Gente correndo, boi investindo, o comércio fechando apressadamente as portas, uma confusão enorme.
Depois de duas horas de caçada aos bois, a cidade estava diferente. No jardim central, nas ruas, nas avenidas, no bairro Primavera, na Vila Baroni, por todos os cantos, enfim, havia boi amarrado. Uma frota improvisada de caminhões recolhia os animais. Acompanhado do tio Osvaldo, o historiador Bié Machinone, viveu a aventura, fotografando animais atados em diversos pontos da cidade.
O jornalista Paulo Flosi ironizou o episódio no jornal “A Semana”, de 13 de junho, com a crônica “Eu destaco você”, com algumas gozações que corriam na praça.
Motivo de susto e piadas, o fato é que estouro de boiada felizmente não acontece mais por estas bandas. Mas vive nas lembranças de muitos barretenses.


Publicado no jornal O Diário, edição de 27 de Junho de 1998.

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