PITA FOGO BARRETOS

PITA FOGO BARRETOS

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Café Goiano, "as primas" e a cachaça

O Café Goiano, no alto da rua 28, em Barretos, era tradicional ponto de encontro de peões. Ali os comissários contratavam seus ajudantes. Os peões atraíam o mulherio e vice-versa. O que ganhavam no estradão gastavam na farra com “as primas” e a cachaça. Neste ambiente, ocorriam algumas brigas. Assim morreu Belmirão, contou Gentil Prata:
-- “Dois cunhados estavam tomando cerveja e começaram a discutir. Belmirão interveio: -- Mas que homens sem-vergonha, gente! São parentes e brigam por cachaça...”
-- “Um dos sujeitos não gostou da interferência. Sacou de um revolver e disparou três tiros contra a cabeça de Belmirão. Matou meu cozinheiro e companheiro de viagem”.
Assim lembrou Gentil Prata.
-- “Brincalhão, meu amigo bebia mas era inofensivo. O crime ficou gravado na minha memória”.
Depois da confissão, o comissário recordou que certa ocasião trazia cerca de 1.200 bois para Barretos. Antenor Duarte, avô de Henrique Prata, era o dono do rebanho. Na Volta Grande, Minas Gerais, entre Guaíra e Uberaba, a boiada estourou. Foram 5 dias para reunir a manada. E ainda ficaram 8 cabeças de arribada (para trás), conduzidas posteriormente ao seu destino. O fato fez com que Gentil Prata comentasse:
-- “Nestas ocasiões, o peão assusta, sente medo e o perigo de perto”.
Na opinião de Gentil Prata, berranteiro bom atrapalha a condução da boiada:
--“Peão boiadeiro tem suas manhas. Quando chega nas vilas, currutelas, patrimônios e cidades, ele começa a florear no berrante para chamar a atenção dos moradores. O povo ajunta e espanta a boiada”.
Referiu-se sorrindo a respeito do berranteiro que mais ganhou título no concurso em Barretos.
-- “O Alceu Garcia me fez muita raiva”.
Ao garantir que “baile no mato é mais gostoso”, Gentil Prata confessou seu gosto por um pagode, onde “agarrava nas escadeiras da Maria”.
Ressaltou, entretanto, que “hoje acabou.... nem no sonho!...” E confirmou a fama que peão de boiadeiro é mulherengo, com muito “rolo” pelos lugares onde passa. Sério, sustentou que como comissário sempre procurou se afastar das “oportunidades” para não dar mau exemplo.
Nascido em 5 de maio de 1913, Gentil Prata já se foi....

Publicado originalmente no jornal O Diário, edição de 19 de agosto de 1997, com o título “Gentil Prata no tempo das comitivas”.

Um comentário: