O Café Goiano, no alto da rua 28, em Barretos, era tradicional ponto de encontro de peões. Ali os comissários contratavam seus ajudantes. Os peões atraíam o mulherio e vice-versa. O que ganhavam no estradão gastavam na farra com “as primas” e a cachaça. Neste ambiente, ocorriam algumas brigas. Assim morreu Belmirão, contou Gentil Prata:
-- “Dois cunhados estavam tomando cerveja e começaram a discutir. Belmirão interveio: -- Mas que homens sem-vergonha, gente! São parentes e brigam por cachaça...”
-- “Um dos sujeitos não gostou da interferência. Sacou de um revolver e disparou três tiros contra a cabeça de Belmirão. Matou meu cozinheiro e companheiro de viagem”.
Assim lembrou Gentil Prata.
-- “Brincalhão, meu amigo bebia mas era inofensivo. O crime ficou gravado na minha memória”.
Depois da confissão, o comissário recordou que certa ocasião trazia cerca de 1.200 bois para Barretos. Antenor Duarte, avô de Henrique Prata, era o dono do rebanho. Na Volta Grande, Minas Gerais, entre Guaíra e Uberaba, a boiada estourou. Foram 5 dias para reunir a manada. E ainda ficaram 8 cabeças de arribada (para trás), conduzidas posteriormente ao seu destino. O fato fez com que Gentil Prata comentasse:
-- “Nestas ocasiões, o peão assusta, sente medo e o perigo de perto”.
Na opinião de Gentil Prata, berranteiro bom atrapalha a condução da boiada:
--“Peão boiadeiro tem suas manhas. Quando chega nas vilas, currutelas, patrimônios e cidades, ele começa a florear no berrante para chamar a atenção dos moradores. O povo ajunta e espanta a boiada”.
Referiu-se sorrindo a respeito do berranteiro que mais ganhou título no concurso em Barretos.
-- “O Alceu Garcia me fez muita raiva”.
Ao garantir que “baile no mato é mais gostoso”, Gentil Prata confessou seu gosto por um pagode, onde “agarrava nas escadeiras da Maria”.
Ressaltou, entretanto, que “hoje acabou.... nem no sonho!...” E confirmou a fama que peão de boiadeiro é mulherengo, com muito “rolo” pelos lugares onde passa. Sério, sustentou que como comissário sempre procurou se afastar das “oportunidades” para não dar mau exemplo.
Ressaltou, entretanto, que “hoje acabou.... nem no sonho!...” E confirmou a fama que peão de boiadeiro é mulherengo, com muito “rolo” pelos lugares onde passa. Sério, sustentou que como comissário sempre procurou se afastar das “oportunidades” para não dar mau exemplo.
Nascido em 5 de maio de 1913, Gentil Prata já se foi....
Publicado originalmente no jornal O Diário, edição de 19 de agosto de 1997, com o título “Gentil Prata no tempo das comitivas”.
Alguém conheceu o Antonio Silva Gameiro de Barretos?
ResponderExcluir